É urgente agir face à crise climática que abala o planeta

Viriato Soromenho Marques foi o orador convidado de conferência sobre o ambiente que decorreu em S. João da Madeira, no âmbito do ciclo ’’Pensar Futuro’’

Mais do que de alterações climáticas, devemos falar de uma verdadeira “crise climática”, dada a urgência de enfrentar os desafios ambientais que o planeta tem pela frente há muitos anos. Foi com este alerta que Viriato Soromenho Marques abriu a sua conferência deste sábado, 28 de setembro, em S. João da Madeira.

O professor catedrático e ambientalista foi o orador convidado de mais uma sessão do ciclo “Pensar Futuro”, que decorreu nos Paços da Cultura, onde sustentou a necessidade imperativa de “agirmos como cidadãos para que as coisas mudem”. 

Na sua perspetiva, será um erro irremediável “ficar à espera que seja a inovação tecnológica ditada pelo mercado que vai resolver o problema”. Nesse caso, como as coisas estão, “será sempre tarde demais”. É que, em termos climáticos, o planeta “já está a entrar no vermelho”.

Aliás, Soromenho Marques não fala, nos tempos modernos, de uma ciência no sentido clássico, mas sim de uma tecnociência, que faz parte da luta económica pelo mercado, ao qual falta visão estratégica em relação a estas questões. Esse é, por isso, um dos grandes obstáculos à mudança que é urgente operar, defendeu o orador.

Mas, ainda assim, há atualmente informação e capacidade científica para que ninguém tenha dúvidas sobre a crise climática, que até já era antecipada há décadas por algumas vozes que o mundo ignorou. A dificuldade tem sido partir desse conhecimento para o efetivo desenvolvimento de políticas ambiciosas na área do ambiente, que sejam capazes “de puxar pelas pessoas”.

Planeta Terra, um sistema vivo

“Neste momento já percebemos que são as pessoas que têm de puxar pelas políticas”, considera o académico, que apontou ser essa uma das ilações a tirar de intervenções como a da jovem ativista Greta Thunberg, tão na ordem do dia e que está a ter repercussões a nível global.

E é mesmo à escala planetária que os desafios das alterações climáticas têm que ser enfrentados, o que acaba por se constituir como outro grande obstáculo. “Nenhum país pode gerir a zona costeira como se fosse apenas sua, nenhum país pode gerir a atmosfera como se fosse apenas sua”, exemplificou Viriato Soromenho Marques.

“Nós precisamos de ter regimes internacionais sobre questões de ambiente e questões de clima, que sejam vinculativas”, concluiu o professor, para quem é inaceitável que o direito internacional continue a “tratar a Terra como se fosse mais uma rocha a circular no espaço e não um sistema vivo”.

A conferência terminou com um período de debate, marcado por várias intervenções do muito público presente na plateia dos Paços da Cultura, que revelou grande interesse e atenção pela questão ambiental, que, aliás, tem sido uma marca de várias ações desenvolvidas este ano pelo Município de S. João da Madeira, entidade promotora deste ciclo “Pensar Futuro”, lançado em 2018.

 
29 de setembro de 2019

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