Novas exposições de arte bruta e de design no Centro de Arte da Oliva

Mais de 300 pessoas acompanharam as inaugurações de “Lusofolia: A Beleza Insensata” e de “Fabrico Suspenso: itinerários de trabalho”.

O Centro de Arte Oliva (CAO) atravessa “um momento de grande projeção e afirmação”, como destacou o Presidente da Câmara de S. João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira no discurso de inauguração das mais recentes exposições aí patentes, que decorreu no sábado, 9 de novembro, com a presença de mais de 300 pessoas.

“Lusofolia: A Beleza Insensata”, com obras de arte bruta e outsider de autores lusófonos, e “Fabrico Suspenso: itinerários de trabalho”, sobre o trabalho de design desenvolvido pelos designers R2 Lizá Defossez Ramalho e Artur Rebelo, podem ser vistas até 15 de março de 2020, reforçando o estatuto do CAO como "uma das instituições culturais mais importantes" do país, tal como referiu o autarca sanjoanense na sua intervenção.

Jorge Vultos Sequeira lembrou que os dois grandes acervos de arte que se encontram em depósito nesta instituição cultural do município de S. João da Madeira estão na base de importantes exposições que podem, atualmente, ser apreciadas nas capitais ibéricas: a coleção “Norlinda e José Lima”, na residência oficial do Primeiro Ministro, no Palácio de São Bento, e a coleção “Treger/Saint Silvestre”, em La Casa Encendida, em Madrid.

Destacando, também, a generosidade e o contributo dos colecionadores Norlinda Lima/José Lima e Richard Treger/António Saint Silvestre, o Presidente da Câmara desafiou o muito público presente a passar a palavra e a divulgar cada vez mais o CAO, as obras e exposições que ali se apresentam.

Jorge Vultos Sequeira salientou, ainda, o importante apoio da Direção Regional da Cultura do Norte, considerando a presença do responsável máximo deste organismo, António Ponte, nestas inaugurações, como “um sinal inequívoco” de que essa colaboração é para prosseguir.

 

Lusofolia

 

“Lusofolia: A Beleza Insensata” reúne obras de artistas “lusófonos” das margens da arte bruta e outsider. São cerca de 70 trabalhos de desenho, pintura e escultura de autores maioritariamente portugueses e brasileiros, mas também angolanos.

Como salientou Andreia Magalhães, diretora do CAO, esta exposição é constituída por obras da Coleção Treger/Saint Silvestre, com exceção de uma pintura de Paula Rego (da Coleção Norlinda e José Lima), que surge neste contexto como um contraponto.

A curadoria é de António Saint Silvestre, que considerou, na sua intervenção, que a coleção que tem construído juntamente com Richard Treger - um dos principais acervos de arte bruta e outsider da Europa - “pertence a S. João da Madeira” e que o CAO é um “ex-libris da cidade”.

 

Fabrico Suspenso

 

Com curadoria de Paula Pinto e Joaquim Moreno, a exposição “Fabrico Suspenso: itinerários de trabalho” apresenta mais de duas décadas de trabalho gráfico de Lizá Defossez Ramalho e Artur Rebelo (R2) e dos seus processos de experimentação, reveladores de uma obra que cruza outros campos artísticos, como a escultura, a instalação e a arquitetura.

Mais do que apresentar obras e projetos concluídos, esta exposição, como ficou patente na inauguração, revela-se como um momento de contacto com os processos de criação, estando estruturada em cinco "laboratórios": Arquivo, Paisagem, Transmissão, Matéria e Produção. 

“Fabrico Suspenso: itinerários de trabalho” inclui projetos de produção independente, obras que foram criadas para exposições internacionais, mas também obras especificamente produzidas para esta exposição, para além de uma seleção do arquivo pessoal dos designers.

 

Trabalho Capital

 

No CAO encontra-se também patente ao público, até 2 de fevereiro, a exposição “Trabalho Capital - Ensaio sobre Gestos e Fragmentos”, com curadoria de Paulo Mendes, tendo por base obras da Coleção “Norlinda e José Lima”, assim como de artistas convidados para o projeto, juntamente com uma vasta uma seleção de material documental e de espólio museológico industrial da história da Fábrica Oliva. 

A cenografia “Trabalho Capital” remete para um espaço industrial em (re)construção, evocando-se as reminiscências do passado industrial em confronto com a produção artística contemporânea.

 

11 de novembro de 2019

 

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