“Pensar Futuro” com Carlos Fiolhais: ciência dá esperança ao planeta

O físico esteve nos Paços da Cultura de S. João da Madeira para falar do “Direito à Ciência” e tirou o chapéu ao município sanjoanense pela promoção da cultura.

“Os cientistas são otimistas pois sabem que amanhã vão saber mais do que hoje”. Com esta frase, o físico Carlos Fiolhais justifica a sua esperança de que, através do conhecimento, a humanidade vai encontrar uma solução para salvar o planeta. O cientista esteve em S. João da Madeira, no último sábado, a participar na mais recente conferência do ciclo “Pensar Futuro”.

Nos Paços da Cultura, o orador sustentou que se deve “investir na ciência e na tecnologia”, o que ajudará a humanidade a “mudar de vida“ e a “procurar alternativas“ que permitam um desenvolvimento ambientalmente sustentável, sem que isso se traduza num retrocesso civilizacional.

Subordinada ao tema “O Direito à Ciência“, a intervenção de Carlos Fiolhais abriu com a evocação do grande Albert Einstein E do seu “exercício apaixonado da curiosidade“, um ponto de partida ao qual regressou no final da sessão, defendendo que “o que é fundamental é por perguntas e procurar consensos sobre as respostas“. Aliás, como lembrou físico, esse é um princípio inerente a própria democracia.

Pelo meio, Carlos Fiolhais lembrou que o direito à ciência está consagrado no 27º artigo da carta Universal dos Direitos do Homem, numa abordagem histórica em que não esqueceu o caso concreto de Portugal e o atraso de que o país foi vítima após ter sido uma das nações de ponta no mundo na época das descobertas.

O problema foi que, depois, o reino descurou a educação e o conhecimento, ficando para trás em relação a outros países onde se passou exatamente o inverso, como referiu o conferencista, adiantando que, ainda hoje, Portugal sofre os efeitos desse facto, agravados pelos anos da ditadura.

No entanto, considera que, nos últimos anos, se constatam sinais animadores, como o aumento exponencial de pessoas com estudos superiores e de publicações científicas, apesar de entender que o nível de investimento em ciência está ainda longe do desejável.

Lá por fora, identifica os governos dos Estados Unidos e do Brasil como exemplos de uma “mistura explosiva de ignorância e poder“ e vê a liderança tecnológica a transferir-se para a China: “dos 500 computadores mais poderosos do mundo, 229 são chineses“.

São dados a que, na sua perspetiva, deve ser dada uma particular atenção, quando se procura pensar o futuro, como se vem fazendo em S. João da Madeira, o que levou Carlos Fiolhais a tirar o chapéu ao município sanjoanense pela iniciativa de promover estas conferências e pela atenção à cultura.

24 de novembro de 2019

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