Empresa Industrial da Chapelaria

Ficou conhecida entre as gentes da época pela "Fábrica Nova", e foi fundada em 1914 por António José Oliveira Júnior, figura grata a S. João da Madeira e a quem foi atribuído pelo governo de então o diploma de Mérito Industrial e Agrícola. 

Inovadora ao nível das técnicas de fabrico e sempre actualizada perante as necessidades de mercado será também desta empresa a responsabilidade pela introdução do chapéu de lã merina (lã fina), o chamado "chapéu da moda", por ser em tudo diferente do antigo chapéu de lã grosseiro até então produzido. Sendo a única empresa do País a possuir as máquinas e técnicas do fabrico deste chapéu, a Empresa Industrial de Chapelaria manterá durante muitos anos o monopólio do fabrico e venda deste artigo. 

Encerrada em 1995, a Empresa Industrial de Chapelaria acompanhará toda a história desta indústria, reflectindo naturalmente as suas épocas de prosperidade e declínio, ficando para sempre associada à imagem da fábrica que empregou e formou gerações sucessivas de chapeleiros e artífices que lhe devotaram uma vida inteira de trabalho. 

Do ponto de vista regional, ou talvez mesmo nacional, a escolha para a localização de uma unidade museológica como esta, sustenta-se naturalmente pelas razões já aduzidas, uma vez que a indústria de chapéus se concentrou de forma significativa e sistemática em S. João da Madeira. 

Refira-se a este propósito que a primeira fábrica de chapéus documentada instala-se em S. João da Madeira em 1802. Em 1909 existiam cerca 12 fábricas, uma a vapor que produzia anualmente 200.000 chapéus e 7 apropriagens (revendedores que compravam às fábricas os chapéus em feltro e os acabavam e vendiam por conta própria). 

Com o início da fabricação do chapéu fino e a introdução das "máquinas", a melhoria de qualidade dos chapéus fabricados e a procura no estrangeiro de matéria-prima superior, a indústria de Chapelaria conhece em S. João da Madeira um grande desenvolvimento, especialmente a partir da I Guerra Mundial. Com o decorrer dos anos S. João da Madeira torna-se o principal centro de chapelaria do País. 

A título de exemplo refira-se que em 1946 as fábricas de chapelaria existentes em S. João da Madeira representavam 75% das unidades fabris de todo o país, sendo que dos 1775 operários desta indústria, 1263 exerciam a sua actividade no distrito de Aveiro, e destes, 1212 no Concelho de S. João da Madeira. 

Esta posição cimeira manter-se-á ao longo de várias décadas (na década de 60 do século passado S. João da Madeira era já o único produtor nacional), toldando não só a estrutura económica da população, como sobretudo, contribuindo para o surgimento de uma cultura e vivências sociais muito própria neste concelho, e cuja história começa agora a ser analisada e interpretada.