Operários fazem pausas no trabalhopara ouvir e declamar poesia nas fábricas

21 de março, Dia Mundial da Poesia, em S. João da Madeira

Ao longo da próxima semana as palavras dos poetas vão ouvir-se em fábricas de S. João da Madeira, que fazem pausas na sua laboração para que os trabalhadores possam envolver-se ativamente nesses momentos, não só como espectadores, mas também dizendo versos.

Esta iniciativa insere-se na campanha Poesia à Mesa, que decorre em S. João da Madeira a propósito do Dia Mundial da Poesia, que se celebra na quarta-feira, 21 de março, data em que o evento, muito apropriadamente, vai à centenária fábrica de lápis Viarco, ou não fosse esta a única unidade em Portugal que produz essas “ferramentas” de escrita, e não só, que têm estimulado a criatividade e a imaginação de tantas gerações.

A poesia chega à Viarco às 15h15 e não se fica por aí, seguindo para outra fábrica que integra o roteiro do programa municipal de Turismo Industrial. É que, pelas 16h45, é a vez de a Heliotextil, empresa de produção de etiquetas e passamanarias, interromper o trabalho para abrir espaço aos poemas, que por estes dias percorrem S. João da Madeira, indo ao encontro das pessoas nos seus locais de trabalho ou nos restaurantes que frequentam.

Tertúlias e Fernando Pessoa

Do programa de 21 de março, faz igualmente parte a Tertúlia Poética à Hora do Chá, promovida pela Associação Cultural e Recreativa É Bom Viver, que decorrerá no Espaço Intergeracional “16 de Maio”, com início às 15h00. Para as 18h00, na Biblioteca Municipal, está agendada uma outra tertúlia, reunindo poetas da cidade, cujo número aumenta de ano para ano, impulsionado, em grande medida, pela Campanha Poesia à Mesa, que vai na sua 16.ª edição.

E porque este ano se assinala o 130.º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa, o grande poeta e a sua obra estão em destaque no evento, com várias iniciativas a centrarem-se nesse nome maior na literatura. Assim acontece no Dia Mundial da Poesia, data em que, às 21h30, sobe ao palco dos Paços da Cultura de S. João da Madeira o espetáculo “Pessoas em Fernando”, em que os poemas surgem fundidos com ambientes sonoros e musicais ou sob a forma de canção.

A poesia ao encontro das pessoas

Mas não é só no dia 21 que a poesia invade S. João da Madeira. Já se realizaram várias atividades dirigidas a diferentes públicos, incluindo as crianças das escolas da cidade, que participaram em oficinas poéticas com Paulo Condessa, comissário do evento, que é também quem, de 19 a 24 de março, leva as declamações a fábricas que integram o Turismo Industrial, como a Helsar e a Evereste, do setor do calçado, ou a Bulhosas, de artes gráficas, para além das já referidas Viarco e Heliotextil e passando pela Academia de Design e Calçado.

Ao longo da semana, há estabelecimentos de restauração da cidade onde se registam momentos de declamação à hora do almoço e do jantar. Por esses e por outros locais de S. João da Madeira estão espalhados os materiais da Campanha Poesia à Mesa – toalhetes, bases de copos e de chávenas, aventais, sacos de pão –, onde se encontram impressos os rostos estilizados e alguns versos dos autores homenageados na edição deste ano do evento: Camilo Pessanha (1867-1926), Golgona Anghel, Mário Quintana (1906-1994), Pedro Homem de Mello (1904-1984), Tolentino de Mendonça e Violeta Figueiredo.

Ator e músicos em eventos poéticos

O lançamento do livro de poesia “Nu Meu Peito”, de Fábio M. Silva, na Biblioteca Municipal, na noite de quinta-feira, 22 de março, dá o mote para o fim de semana seguinte, durante o qual se realizam duas das atividades mais emblemáticas da Campanha Poesia à Mesa: a Peregrinação e o Serão Poético, nas noites de 23 e 24 de março, respetivamente.

O primeiro desses momentos, tem lugar na Praça Luís Ribeiro, com a participação do ator Filipe Vargas e de vários grupos culturais de S. João da Madeira. O segundo, decorre na Casa da Criatividade, com as presenças dos músicos António Manuel Ribeiro (UHF) e Sérgio Castro (Trabalhadores do Comércio), numa sessão conduzida em tom informal pelo poeta José Fanha e pelo performer Paulo Condessa.