Encontro Interconcelhio de Bibliotecas Escolares Entre Douro e Vouga 2014 em S. João da Madeira
O edifício dos Paços da Cultura, em S. João da Madeira, recebeu, no dia 7 de julho, o Encontro Interconcelhio de Bibliotecas Escolares entre Douro e Vouga 2014, com o tema “Bibliotec@s & Liter@cias - Formar para o século XXI”. Na sessão foram apresentados vários projetos de integração das bibliotecas escolares no processo de ensino e de implementação de hábitos de leitura e escrita nos alunos portugueses. O encontro contou, ainda, com a presença de Fernando Pinto do Amaral, comissário do Plano Nacional de Leitura.
No Encontro Interconcelhio de Bibliotecas Escolares marcaram presença professores bibliotecários e referentes equipas, bibliotecários municipais, autarcas, direções e docentes das escolas, assistentes operacionais, alguns pais e alunos dos concelhos da região. A sessão, moderada pela representante da Direção Regional da Educação do Norte (DREN) Carla Tavares e pela coordenadora Interconcelhia das Bibliotecas de Entre Douro e Vouga Elisabete Carvalho, foi uma iniciativa conjunta da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e da Câmara Municipal de S. João da Madeira, em parceria com a Biblioteca Municipal e as escolas e professores bibliotecários.
Fernando Pinto do Amaral, comissário do Plano Nacional de Leitura (PNL), relembrou a importância da realização deste evento anual, que promove a reflexão acerca da questão da leitura e do papel das bibliotecas escolares no desenvolvimento educativo dos alunos. O comissário do PNL aconselha os professores e tutores das crianças a criar rotinas diárias de leitura em família, uma prática que diz dever estabelecer-se como se de um hábito de higiene se tratasse. Fernando Amaral reconhece a dificuldade de criar novos leitores quando este comportamento não é incentivado desde cedo, acreditando que, para tal, é preciso “chegar ao coração dos alunos”. Aos professores, o representante do PNL aconselha procurarem apresentar aos alunos leituras que apelem tanto à sensibilidade como ao espírito crítico, ainda que ressalve não existirem receitas fáceis para o conseguir. O comissário sublinha, ainda, a importância da leitura para o exercício da cidadania, lembrando que os países onde mais se lê são também aqueles em que os cidadãos mais participam na vida política e, consequentemente, onde a democracia é mais ativa.
Trazendo à discussão o novo panorama digital, Elsa Conde, da Rede de Bibliotecas Escolares, esclarece que as implicações subjacentes à revolução digital também afetam o ensino, mudando até o modo como se aprende. Devido ao “bombardeamento de informação”, Elsa afirma que o papel das Bibliotecas Escolares foi reforçado, exigindo que estas desenvolvam competências para lidar com a situação, sem deixar de trabalhar em prol da literacia.
Aprender com a Biblioteca Escolar
A sessão contou, ainda, com a presença de representantes dos Agrupamentos de Escolas Oliveira Júnior e de Arrifana, que apresentaram os resultados do projeto “Aprender com a Biblioteca Escolar”. A iniciativa da RBE propôs aos agrupamentos a aplicação de um referendo de aprendizagens associadas ao trabalho das bibliotecas escolares na educação dos alunos dos ensinos pré-escolar e básico. Neste sentido, um dos temas explorados pelos alunos de ambos os agrupamentos foi a Literacia nos Media, o que incluiu visitas a órgãos de comunicação, análise de notícias e, no caso do Agrupamento de Arrifana, até mesmo a criação de uma reportagem. No âmbito da iniciativa, os alunos participaram, ainda, em várias formações, destacando-se as sessões referentes à comunicação segura na Internet.
Com o projeto do PNL “Todos Juntos Podemos Ler”, direcionado aos alunos com necessidades educativas especiais, o Agrupamento de Escolas de Argoncilhe deu a sua contribuição para o encontro. Partindo do projeto geral, o agrupamento criou o programa NEEtbook, através do qual os alunos em questão foram convidados a ler livros e a preencher fichas de leitura dos mesmos. O projeto pressupõe, também, a criação de uma Biblioteca Digital, com conteúdos desenvolvidos pelos próprios alunos. As crianças de etnia cigana foram, igualmente, inspiração para a criação de um programa de integração na comunidade escolar – o Gitanices. Neste sentido, o grupo de alunos da etnia trabalhou no levantamento de tradições e costumes ciganos, que culminaram na escrita de um livro sobre o tema, com texto e ilustrações dos próprios. Através destes exemplos, o professor bibliotecário do agrupamento, João Reis, lembra que “com alunos diferentes é possível fazer coisas interessantes”.
Conta-nos uma história
Também as crianças tiveram um papel ativo na dinamização da sessão, que animaram com música e peças de teatro. As EB1 do Parque e EB1 de Fundo de Vila criaram um momento musical, no qual tocaram a Marcha Turca de Mozart. Já os alunos do Jardim de Infância das Travessas representaram duas peças, de autoria própria, intituladas “O Rapaz Que Tinha Medo” e “Hoje Não Quero Dormir”. Ana Teixeira e Emília Resende, docentes do grupo pré-escolar, explicam a importância da interpretação de histórias para as crianças, que através do projeto “Conta-nos uma história”, desenvolvem competências ao nível do vocabulário, da leitura e da escrita. A iniciativa tem, ainda, como objetivo combater os problemas da língua portuguesa que, muitas vezes, acompanham os alunos durante todo o seu percurso escolar.