Dia Internacional da Mulher no Museu do Calçado
Inauguração de instalação simbólica com sapatos cor de sangue que recordam as vítimas mortais de violência doméstica em 2018.
São 28 pares de sapatos tingidos de vermelho. Um por cada mulher morta em 2018 “em contexto de relações de intimidade”. Podem ser vistos no Museu do Calçado, em S. João da Madeira, numa exposição que é, ao mesmo tempo, uma sentida homenagem às vítimas de femicídio e um grito de denúncia contra a violência e a desigualdade de género.
Esta instalação simbólica, com o título ’’Não sejas cúmplice, dá um passo contra o Femicídio”, foi inaugurada no Dia Internacional da Mulher (8 de março), numa sessão muito participada, que abriu com a Intervenção da Vereadora Paula Gaio, da Câmara de S. João da Madeira, que é também a Conselheira para a Igualdade no Município.
Como frisou a responsável pela área da Ação Social na autarquia sanjoanense, os números da violência doméstica “são assustadores”, pelo que cada cidadão tem a obrigação de denunciar e agir, colocando fim a uma postura de silêncio e não interferência, que ainda está enraizada na sociedade.
“Temos que contrariar aquele nosso provérbio antigo que dizia que entre marido e mulher ninguém mete a colher”, afirmou a vereadora. “Se soubermos, se conhecermos, temos o dever de intervir”, frisou.
Paula Gaio revelou que está em fase de conclusão a elaboração do Plano Municipal para a Igualdade, que “será apresentado em breve”, referindo ainda outras iniciativas da autarquia de S. João da Madeira, como a adesão ao pacto para a conciliação entre a vida laboral e a vida familiar, com medidas concretas já adotadas.
Exposição promovida pela UMAR
Com muitas mulheres, de diferentes faixas etárias, na assistência, entre as quais a Presidente da Assembleia Municipal, Clara Reis, e a Vereadora da Educação, Irene Guimarães, intervieram ainda na sessão Joana Galhano, diretora do Museu do Calçado, e Ilda Afonso, diretora técnica da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), entidade promotora da exposição ’’Não sejas cúmplice, dá um passo contra o Femicídio”.
Esta instalação simbólica visa “homenagear as mulheres assassinadas por maridos, ex-maridos, companheiros, ex-companheiros, namorados, ex-namorados e outros familiares, mostrando que estes crimes hediondos têm que ter fim”. Como se pode ler na informação de divulgação da iniciativa, cada par de sapato simboliza uma mulher, a sua vida, os seus sonhos, o seu caminho criminosamente interrompido”.
A exposição é acolhida no Museu do Calçado no âmbito do projeto “Sapatos que pensam”, desenvolvido pela equipa deste equipamento municipal, que parte de diferentes abordagens a esses objetos, que são uma das imagens de marca de S. João da Madeira, para apelar “à inquietação, à emoção e à reflexão”. Porque os museus têm “um importante papel” nas sociedades, constituindo “espaços privilegiados para o diálogo”.